domingo, 18 de julho de 2010

Influencia Linguística africana

Ao chegar no território, hoje Brasil, os colonizadores trouxeram em sua bagagem, os negros africanos para desenvolverem trabalhos domésticos.
Em  torno de 1530, o pau-brasil, que já havia sofrido o extrativismo, se tornando mais escasso e vendo os portugueses, colonizadores que o comércio do açúcar era rendoso deram início ao ciclo econômico da cana de açúcar utilizando a mão de obra escrava indígena ou negros da terra. Sem resultado satisfatório, pois os nativos não eram habituados a serviços para produzir excedentes, e sim para o consumo próprio e para atender ao mercado europeu, era necessários pessoas com  porte físico  que suportasse  a constância do trabalho  e que tivesses técnicas no manuseio  do ferro. Diante disso, deram início a compra de escravos colocados a venda pelo chefes de estados africanos. Era hábito e costumeiro o aprisionamento de negros na África para revenda, inclusive aos europeus que os levavam para suas colônias, tornando-os escravos nos nas plantações e engenhos de açúcar.. Este comercio de negros geravam divisas para o Continente Africano. A captura era  realizada em toda África, porém, quanto a origem dois grupos se destacaram os de cultura banto e os nagôs ( sudaneses ) que efetivamente  começaram,  a partir de  1530, a formação da  população brasileira de afro - descendência.
A principio tribo que veio para o Brasil: grupo da cultura banto, da qual faziam parte  os angolanos, os Congo ou cabinas, os Benguela  e os moçambiquenhos. Estes eram mais atrasados, com sistema de propriedade coletiva e organização familiar rudimentar, e ainda na fase  do fetichismo.  As línguas  Banto formam um grande grupo, com muita semelhança entre elas e são faladas em diversas regiões da África de hoje tais como na Tanzânia, África do Sul,, Ruanda Zâmbia,Uganda,Kênia,Burundi, Gabão,Zaire, Angola, Gabão, Moçambique, Zimbábue Lesotho, Camarões, República do Congo,Botswana e Malawi.
É importante ressaltar que os Africanos trazidos para o Brasil, procede do Congo e da Angola, tanto durante a conquista , como do desenvolvimento da colônia e foram distribuídos  principalmente no Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.
Outro grupo de afro-brasileiros tem sua origem  na cultura Nagô que originariamente  se refere  unicamente a um ramo dos descendente  Yorubá, e são oriundos  da África do Sul e do Centro do Daome e do sudeste da Nigéria , e no Brasil são conhecidos  com o nome Nagô.
Os escravos da cultura Nagô, foram os últimos africanos a serem trazidos para o Brasil nos fins do Século XVIII e inicio do XIX e se concentraram no Norte e nordeste , Pernambuco e Bahia e particularmente nas capitais desses estados.
Devido a concentração da cultura Nagô na Bahia , podemos afirmar que a maioria da população baiana  é de origem Nagô.
Com a chegada dos africanos, de diversas regiões e com a necessidade de codificar sua comunicação  surge a língua geral crioula.
Considerando que os bantos ocuparam os estados de Minas gerais, Rio de Janeiro,São Paulo e Espírito Santo, e como o tema  deste blogger é a justificação do dialeto mineiro ou mineires, a proposta é se falar da resistência face a estas influências  recíprocas é uma questão ordem sociocultural e  grau da mestiçagem linguística que não fora  de forma absoluta se compararmos  com a mestiçagem biológica que ocorrem no território brasileiro.
Segundo Pessoa de Castro :

INTERFERÊNCIA NO VOCABULÁRIO
1- Aportes lexicais- p.d., palavras africanas que foram apropropriadas pela língua portuguesa em diversas áreas culturais, conservando a forma e o significado original:

a) Simples : samba, xingar, muamba, tanga, sunga, jiló, maxixe, candomble, umbanda, berimbau, maracutaias, forró, capanga, Benguela, mangar, cachaça, cachimbo, fubá, gogó, agogô, mocotó, cuíca.
b)Compostos: lenga-lenga, Ganga-zumba, Axé Opo Afonjá.

2 - Aporte por decalque, palavras do português que tomaram sentido especial:
a) por  tradução direta de uma palavra africana, mãe-de-santo ( ialorixá ), dois- dois ( ibêji), despacho (ebó), terreiro (casa de candomblé).
b) em substituição a uma palavra africana considerada como tabu, a exemplo de " O velho ", por Omulu, e " flor do Velho ", por pipoca.

3 - Aportes híbridos, palavras compostas de um elemento africano e um ou mais elementos do português:
bunda - mole, espada de ogum, limo da costa, pó - de - pemba , Cemitério da Cacuia, cafundó de Judas.

Nessa categoria estão os derivados nominais em português, a exemplo de : molecote, molecagem, xodozento, cachimbada, descachimbada, forrozeiro, sambista, encafifado, capanga, caçulinha, dengoso , bagunceiro.
                   
                                INTERFERÊNCIA NA MORFOLOGIA E SINTAXE


1 - Não é por mero acaso ou seguindo apenas a deriva interna da língua portuguesa que, na linguagem popular descontraída do falante brasileiro, a tendência é assinalar o plural dos substantivos apenas pelos artigos que sempre os antecedem, a exemplo de se dizer: " as casa ", ( os menino ), " os livro ", segundo o padrão do plural dos nomes, feito por meio de prefixo nas línguas bantos.
2 - As línguas africanas também desconhecem a marca de gênero, como em português padrão, a/o (menina x menino ), o que pode contribuir para explicar melhor a instabilidade  de gênero dos nomes( *minha senhor ), que por vezes  é observada  no cancioneiro português  antigo e também ocorre na linguagem popular e na fala do " preto - velho", entidade muito popular na umbanda, tida como negros,muito idoso que viveram o tempo da escravidão no Brasil.


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