domingo, 29 de agosto de 2010

Justificativa Continuação

Já em 1565, havia o chamado preconceito linguístico, tanto dos portugueses em relação ao tupi  como de ambos aos falantes de etnias agrupadas no tronco Macro-Jê.
Conforme explica a professora do Departamento de Linguística da UnB (Universidade de Brasília), Raquel do Valle Dettoni, o goiano fala com os traços  muito puxados no "R " que é normalmente chamado de "R" caipira, ou linguisticamente falando de "R" retroflexo. "Como o goiano fala com esse "R" muito puxado, supõe-se que  isso possa ter tido ao longo da história uma influencia da linguagem utilizada pelos bandeirantes que viviam na região do estado de São Paulo.  Esses bandeirantes tinham o português marcado por esses traços , já que eram das áreas mais interioranas do Brasil, principalmente as que chamaríamos de caipira".
A tese de doutorado da professora, estudou o dialeto da baixada cuiabana, que é formada pela capital Cuiabá e pelos municípios mais antigos que se criaram no inicio da colonização nas margens do rio Cuiabá e Paraguai. Ela conta que na época da colonização os bandeirantes que penetraram  pelo norte do estado do Mato Grosso  e levaram a suposta língua geral Paulista , que era de base indígena (tupi). O Contato do português dos colonizadores com as línguas indígenas locais (* falantes de etnias do tronco Macro-Jê) resultou  no dialeto cuiabano.
Algumas características são muito fortes nessa  fala regionalizada específica de Mato Grosso.  "Por exemplo:
os mato-grossenses não falam chuva e peixe , com esse som de "CHE" que nós temos, fala-se "tchuva" e "petche". Também não se fala caju e laranja, com esse som de 'GÊ' , fala-se "cadju" e "larandja", ressalta Raquel.
Como podemos observar no que foi demonstrado pela professora Raquel, comparando com o falar mineiro, a pronuncia do "DJI"  acontece todas as vezes  que  os nascidos no Estado de Minas Gerais, pronuncia  "DI" com o fonema "DJI", assim como o mato-grossense na pronuncia  dos vocábulos CADJU  e LARANDJA.
Na região de Caratinga, Manhuaçu e adjacências, é comum  se ouvir falar "male" ao invés de "mal" que tem sua origem no latim e que na transposição desse vocábulo para a língua  portuguesa, houve a supressão da vogal "e" , assim como em hospital e coronel (o termo  male, hospitali e coroneli ainda  é muito empregado pelas pessoas mais idosas).
Os termos "trem e uai", são de maior crítica  aos mineiros, porem , quando o mineiro diz: " vou comer um trem, ou vou olhar um trem; ou ainda que trem é esse? Não  está cometendo erro  na língua portuguesa, tendo em vista, o termo "trem" ter sua origem no latim "trabere" cujo emprego  do mesmo, pode ser  para referir-se a qualquer coisa. Quanto a interjeição ou afirmção "uai" surgiu do Inglês "why"em torno de 1765, quando se deu a construção da ferrovia  do trecho Minas - Vitória.

* A região central do Brasil, composta  pelos, hoje estados Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, não era habitada por etnias falantes do Tupi e sim dos falantes de etnias   agrupadas no tronco Macro-JÊ.

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