sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Entre os tchês e gês da nossa dgente Linguista defende que cuiabano não fala errado e que “beleza” da linguagem está em quem vê.
Por Thiago Foresti, redação site TVCA Um dos aspectos mais importantes e pouco representados da cultura cuiabana é a linguagem. Não existem novelas, filmes ou programas nacionais que exibam o modo de falar daquele cuiabano comumente chamado de “tchapa e cruz”, de falar manso, doce e tranquilo. A professora Lúcia Helena Possari, do Instituto de Linguagens da UFMT, natural de Ribeirão Preto, se encantou pelo sotaque assim que chegou ao nosso estado e resolveu estudar o tema. O resultado foi um livro chamado“Vozes Cuiabanas” no qual discute vários aspectos desse linguajar, inclusive o que o próprio cuiabano acha da própria língua. “Não diria que o cuiabano tem orgulho nem vergonha. Depende do grau de afetividade com que cada um se relaciona com esse falar. O que a gente sabe é que a linguagem está sendo friccionada o tempo todo. A língua é dinâmica, é porosa, ela vai adquirindo, vai modificando”, explica a professora. Ela também lembra do caso do comediante Lio Arruda, que fez muito sucesso aqui na década de 90. Arruda fazia parte de um projeto “Muchirum Cuiabano” (Mutirão Cuiabano) que era uma proposta de resgate da língua proposto por alguns intelectuais. “Em todas as peças ele usava traços linguísticos em tom de humor. No jornal fazia uma transposição da oralidade exatamente de como era falado para a escrita. Ele transcrevia exatamente como ela falava no impresso. Sua proposta era manter e preservar o que não era possível” Sim, pois para a professora é impossível preservar uma língua, principalmente porque ela é dinâmica e muda a todo momento. “As pessoas mais apocalípticas pensam na extinção, no extermínio disso ou daquilo. As coisas se transformam isso sim, mas muitos traços vão permanecer por muitos séculos, tenho certeza”. Ela diz que a mídia é uma grande influência na media em que as principais emissoras tentam pasteurizar a língua portuguesa em todo território nacional: “há a tendência de que a emissora, que como o próprio nome diz funciona como pólo emissor, tenda a uniformizar a língua no Brasil inteiro. É claro que ela consegue, até certo ponto, fazer interferências, mas não vai conseguir uniformizar a língua porque a cultura é muito mais dinâmica”. Quanto a velha pergunta: O cuiabano fala certo ou errado? A professora também tem uma teoria. “O que mais chama atenção são alguns aspectos da fala, como o chê e gê, talvez os mais característicos. Isso é falar cuiabano. No entanto algumas pessoas se assustam com o chamado rotacismo (que é a troca do lá pelo rá), mas é bom lembrar que isso não é falar cuiabano. Em qualquer região do Brasil você vai encontrar essa mudança de fonema, pode ir no Rio de Janeiro e vai ouvir alguém falando Fra-fru, por exemplo”. Nesse sentido, é possível afirmar que o cuiabano não fale melhor nem pior do que em qualquer outra parte do Brasil. Talvez esse mito do “falar errado” seja algo criado por quem não entende muito de linguagem. A professora explica que é uma tendência de quem vem de fora considerar que o que ele traz é melhor do que o que vai encontrar aqui. “Não só pelo modo de falar, mas por tudo o que ele representa, entre aspas, vindo de um estado mais desenvolvido de um estado onde a renda per capita é maior. Ele então se impõe, mas no fundo não consegue, porque não existe imposição de cultura. As coisas se encaixam, um influencia o outro, o outro influencia um”. Essa recusa e distanciamento que o falar cuiabano encontra pode resultar em vergonha. A professora diz que as pessoas com pensamento mais avançado nessa ciência tendem a deixar o purismo da língua portuguesa de lado. Como ela diz: “As coisas são como elas são. Tudo tem jeito, tudo se encaixa, se modifica. Sempre tem um purista de plantão que vai dizer que em Cuiabá se fala errado. Vai dizer que todos os falares deveriam obedecer a norma padrão. Mas isso não é verdade, cada lugar do Brasil tem um falar diferenciado um do outro”. O Falar Cuiabano No Brasil, país de população multifacetada em relação às suas origens, cada região se desenvolveu de acordo com o momento no qual foi ocupado, de acordo com os interesses econômicos vigentes tais como o pau-brasil, o ouro e a cana-de-açúcar. Assim, o falar de cada local foi se moldando neste encontro de povos vindos de fora - portugueses, espanhóis, africanos e holandeses - com a população local - os índios. Cuiabá viveu mais de século isolada dos centros econômicos mais importantes, mantendo-se nesse período em uma economia de subsistência, através de formas artesanais de produção. Este contexto fomentou a formação do falar cuiabano, pois, além de Mato Grosso estar afastado dos grandes centros da economia nacional, esta era uma época na qual não existiam os meios de informação que nivelam a língua. Esta região era periférica e não se influenciava pelo dinamismo urbano que já transformava a linguagem em locais mais abastados economicamente; assim o falar cuiabano se cristalizou através das suas influências mais locais: os índios, os portugueses, os africanos e os espanhóis. Em seu processo histórico, o fato que mais influenciou a formação do que hoje é o falar cuiabano foi o final da Guerra da Tríplice Aliança - a Guerra do Paraguai - quando os prisioneiros paraguaios da Retomada de Corumbá ficaram confinados à margem direita do rio Cuiabá, atual cidade de Várzea Grande. Ao final do conflito, os prisioneiros não retornaram ao seu país de origem e permaneceram pela região ribeirinha, miscigenando-se com a população local. Esta integração acarretou na influência sobre a cultura regional, através de novos costumes, danças - a polca paraguaia e o siriri - e moldou o linguajar cuiabano. Fonética – O som das palavras De acordo com o livro Do falar cuiabano, de Maria Francelina Ibrahim Drummond (DRUMMOND, Maria Francelina Silami Ibrahim. Do falar cuiabano. Cuiabá: Secretária Municipal de Educação e Cultura, 1978), Mato Grosso, classificado dialetologicamente, está compreendido nas áreas pastoril e da mineração. À primeira, chama-se "ciclo do ouro", e a segunda compreende o "ciclo da mineração propriamente dito" e o "ciclo da garimpagem" nas margens dos rios e lagos diamantíferos de Mato Grosso. Sob o ponto de vista da fonética, classifica-se ainda como sendo a zona das africadas tch e dj, do R e L pós-vocálicos com articulação, denominada retoflexa pelo professor Serafim da Silva Neto. Ressaltam-se os seguintes aspectos da fonética: I. VOGAIS a. Tônicas /a/ Desnasalização em final
irmã - irmá
tarumã - tarumá Seguido de nasal, não se nasaliza e se abre
lancha - láncha
pano - páno /e/ Final fechada tônica se abre
bangüe - bangüé Com nasal:
/a/, /e/, /o/
Não-nasalação do /a/, /e/, /o/
conheço - conhéço
fome - fóme b. Átonas 1. Ocorre freqüentemente a aférese do a igarité - garité
amanhacer - manhecer
amoitecer- noitecer
alarido - larido
alambrado - lambrado 2. /e/ Protônico seguido de r passa a i, caindo o r
senhor - sinhô
medir - midi 3. /e/, /o/ Finais se pronunciam /E/ e /O/ e não /i/, /u/
de - dE (dê)
jeito - JeitO
carro - carrO 4. Mantêm-se a vogal média e as extremas /A/, /I/, /U/. II. DITONGOS 1. /io Final se transforma em /iu/
rio - riu
baixio - baixiu
fio - fiu 2. /eu/ Oral aberto em final se fecha
Poxoréu - Poxorêu
chapéu - chapêu 3. /ou/ Final se reduz a /ô/
estou - estô
falou - falô/a/, /e/, /o/ 4. /ãe/ Final desnasaliza-se
mamãe - mamai 5. /ai/ No interior, passa a /ei/
raiva - reiva
Diante do palatal, no interior, reduz-se a /a/ e diante de /k/
paixão - paxão
caixão - caxão 6. /ei/, /ai/, /oi/ Seguidos de sibilante se reduzem
seis - sês
mais - mas
demais - demás
depois - depôs
7. /ei/ Em posição interna, antes de palatal ou R, passa a /ê/
queijo - quejo
luzeiro - luzero
cativeiro - cativero 8. /ão/ Final passa a /on/
coração - coraçon
visão - vison
baratão - baraton III. CONSOANTES Pré-vocálicos mantêm-se;
Pós-vocálicos ensurdecem ou caem 1. /r/ Final cai
principiar - principiá
parar - pará
rebuçar - rebuçá 2. /b/ Passa a /v/
gabo - gavo
pereba - pereva
jabuticaba - jabuticava
piaba - piava 3. /j/ Passa a /dj/
caju - cadju
jóia - djóia
japa - djapa
João - djoão 4. /s/ Inicial passa a /ch/
Sô - chô
Sá - chá 5. /z/ Intervocálico passa a /g/
várzea - várgea
vazio - vagio 6. /l/ Final se vocaliza diante de /e/ e /i/
papel - papéu
sutil - sitiu
ou desaparece
canzil - canzi
depois de /a/, desaparece:
qual? - quá?
saranzal - saranzá
angical - angicá 7. /lh/ Passa a /i/
tralha - traia
mulher - muié
palheiro - paiero
afilhado - afiado
8. /x/, /ch/ Passam a /tch/
peixe - petche
Coxipó - Cotchipó
mexer - metcher
chuva - tchuva
pincha - pintcha
chincha - tchintcha Sobre o /tch/ e /dj/ há grande discussão entre os diversos autores, o Professor Serafim da Silva Neto questiona a relação entre o tch, do Norte de Portugal e o presumido tch regional brasileiro, para ele tal fonema teve a mesma duração do tchê, pois é provável que já tivesse desaparecido no século XV. Segundo Silva Neto, para se dar a exata interpretação histórica do tch e do dj é necessário estabelecer a área geográfica e respectiva base humana, a área se estende pelo interior de Mato Grosso, São Paulo e faixa costeira do Paraná, uma área de colonização paulista; tal falar foi precedido de um longo período de bilingüidade, em que se falava, juntamente da língua portuguesa, a língua dos índios. Silva Neto ainda acrescenta que o fonema tch em tupi foi observado em trabalhos lingüísticos, como o de Saint-Hilaire, que pesquisou a maneira pela qual os brasileiros das áreas citadas emitiam o ch português, e descobriu que era um ch totalmente indígena, não era tch nem ts. Silva Neto conclui: "dada a sua peculiar base humana e área geográfica, o tch se constitui o resultado e a continuação de uma pronúncia de aloglotas". (Serafim da Silva Neto, "Língua, Cultura e Civilização", IN Do falar cuiabano). Outros Aspectos Fonéticos 1. No gerúndio, desaparece o 'd' da terminação falando - falano
dormindo - dormino
esquentando - enquentano 2. Troca-se o /o/ pelo /u/ em vocábulos como: foge - fuge
e /ou/ em /u/: ouve - uve 3. /bl/ passa a /br/ blefe - brefe
neblina - nebrina
bloco - broco 4. /pl/ passa a /pr/ plano - prano
planície - pranice 5. Assim O vocábulo assim se altera em ansi:
nasaliza-se o /a/ inicial,
desnasaliza-se o /i/ final. 6. Freqüentemente se deslocam sílabas tônicas de paroxítonas terminadas em /ão/ e de proparoxítonas. bênção - benção
espírita - espirita
hidráulica - hidrole 7. Grupo /pr/ seguido de /o/ passa a /por/. proíbe - poribe 8. /oi/ passa a /ori/ depoimento - deporimento 9. A preposição para pasa a pra e/ou se aglutina com os artigos e o pronome você sincopado (ocê). pra
pras
procê 10. 'Por' passa a pro. "Dei ocê pro morto". Morfologia e sintaxe do falar cuiabano O falar cuiabano é encontrado mesmo entre os que têm maior contato com a vida urbana, os mais jovens que ouvem rádio, vêem televisão, lêem jornal, enfim, que participam de atividades de lazer e profissional com outros grupos sociais. Percebe-se então na população mais nova características da fala dos mais idosos, sem que haja um conflito de comunicação entra ambas as gerações. É evidente, no entanto, que haja diferenças de vocabulário, com o acréscimos de termos pelos mais jovens, de acordo com o contexto vivido por eles. Eis alguns pontos de destaque: I. SUBSTANTIVO O que se pôde observar de mais freqüente quanto ao substantivo foi o seguinte: 1. Costuma haver mudança de gênero, marcada no pronome e/ou artigo seguinte ao nome. "Mora num casa desses." 2. Quanto à flexão de grau, notam-se casos em que o aumentativo é construído usando-se o sufixo aina. Comezaina, chapelaina.
Ou ainda com o sufixo ada.
Galinhada, pexaiada. 3. Quanto ao diminutivo, encontramos, com freqüência, a formação com o sufixo ote. Capãozote, gurizote.
Ou ainda:
Machucadorinho, dorinha (dorzinha). 4. A entonação da voz também diz muito. Alonga-se ou se diminui a intensidade da sílaba tônica do vocábulo, conferindo-lhe valor aumentativo ou diminutivo, respectivamente. "Moro loonge daqui!"
"Tem um guri piquinininho." II. ADJETIVO Normalmente, a adjetivação é contida; a linguagem é sobretudo referencial e centra-se no substantivo. Quanto ao uso do adjetivo, observa-se o seguinte. 1. Não se forma o feminino dos adjetivos, os quais se usam indistintamente no gênero masculino, aplicados a seres femininos e masculinos. "Ah, dona! Hoje tô demais de fraco. Nem num sei o que me deu." (mulher falando).
"Fiquei apurado pensando na vasilha que num vinha mais." (mulher falando).
"Acho a vida bom justamente porque tô acompanhando o ritmo dos mais novos."
"A porta tá aberto."
"A rapadura tá fino. Ficou demais de bom."
"Peixe era fartura. Tinha rês, galinhada farto." 2. O superlativo é formado usando-se a expressão demais de, antes do adjetivo. "Tá demais de bom."
"Ô quá! Tá demais de quente!" 2.a. Também se encontram construções freqüentes como no exemplo abaixo em que o superlativo se forma com outro adjetivo, reforçando o sentido (superlativo). "Põe chico-magro pra ferver com o caldo e ele fica alvo de branco." 2.b. Ou ainda utilizando-se a expressão de uma vez. "Toma este chá e fica bom de uma vez." (ótimo).
"Ficou doido de uma vez." (doidíssimo). III. PRONOMES PESSOAIS DE TERCEIRA PESSOA Empregam-se estes pronomes indistintamente no gênero masculino, aplicados a seres femininos e/ou masculinos ou que correspondem ao pronome feminino.
"Ele vai agorinha." (O falante se referia a uma menina).
"As criançada tá sem domínio. Ninguém num pode com ele."
"Ele chama Isabel." IV. PRONOMES DEMONSTRATIVOS Observa-se a mesma ocorrência citada acima. Prevalece sempre o gênero masculino.
"Esse é bravo." (Referência a mulher).
"Mas a vida é esse mesmo." V. PRONOMES POSSESSIVOS Não se observa a ocorrência citada, mas constata-se construções comuns, como as que se seguem em casos do possessivo ser posposto ao substantivo. Em caso de anteposição, não se registra.
"Era uma prima meu."
"Este é filho de irmá meu."
"A casa era meu e das irmandade toda." VI. PRONOMES INDEFINIDOS São comuns três expressões que substituem os pronomes indefinidos muito, muita, muitos e muitas: que só, que tava, que era. "Tinha mato que só."
"Festa bonita. Festa que tava."
"Bicho que era! Nunca vi tanto!" VII. PRONOMES DE TRATAMENTO Entre os falantes mais idosos, não se flexiona a forma senhor no feminino.
"Sinhô tá bom?" (cumprimento a uma mulher).
"Sinhô?" (interrogando uma mulher). VIII. VERBOS SER E IR No pretérito perfeito do indicativo, a primeira pessoa do singular é sempre empregada como terceira.
"Eu foi pescador a vida inteira." (ser).
"Eu foi pro hospital primeira vez." (ir). IX. VERBO PÔR O mesmo ocorre com o verbo pôr no pretérito perfeito do indicativo.
"Eu pôs os cestos de lado e fui ver." X. VERBO ESTAR No pretérito perfeito do indicativo, a primeira pessoa do singular é empregada como terceira.
"Eu esteve." XI. NEGATIVAS Comum é o emprego de duas negativas numa mesma oração, relacionadas ao mesmo verbo.
"Eu nem num sei quanto que é."
"Ninguém num viu a cara dele, só o lombo grande." XII. EXPRESSÃO EQUIVALENTE A DEMAIS É de uso generalizado a substituição do advérbio demais pela expressão esse mundo, equivalente a intensidade.
"Lá é longe esse mundo!" (Lá é longe demais!).
Convém ressaltar, frisando mais uma vez, que a intensidade é reforçada pela tonalidade da voz do emissor ao se exprimir nestes termos. Existe um alongamento exagerado de entonação da palavra modificada pela expressão esse mundo. É pronunciada demoradamente, e, por si só, já indicaria distância imensa. XIII. VERBO VIR No imperativo afirmativo, prevalecem, na totalidade dos casos, as terceiras pessoas do singular e do plural. O mesmo não se observa em outros verbos de uso mais freqüente.
"Venham, crianças!"
"Venha, guri; larga disso!" XIV. MUDANÇA DE CLASSES DE PALAVRAS 1. O pronome indefinido tudo passa a substantivo "Já fiz de um tudo". 2. Artigo indefinido passa a substantivo "Só tenho um filho. Só este um."
Este exemplo poderia representar um caso de zeugma. Existem casos em que o falante se refere ao ser e, sem mencionar o nome, constói orações da seguinte forma: "Este um é meu." 3. Adjetivo passa a advérbio. Caso específico de duro, cujo emprego é generalizado, fato comprovado em outras áreas da cidade, entre falantes de diversos níveis socioculturais. "Bate duro!"
"Desceu o rio, piloteando duro." 4. Advérbio demais Este advérbio se transforma comumente em adjetivo, seguido de preposição de.
"Aí vinha demais de povo."
"Era demais de peixe que dava. Jogava fora ou dava pros outros ou fazia azeite." XV. ALGUMAS REGÊNCIAS NOMINAIS E VERBAIS Alteram-se as regências de muitos verbos e nomes no falar cotidiano. Talvez isto aconteça visando a se dar maior ênfase ao enunciado - outro item aberto a investigações. Vejam-se algumas ocorrências. 1. Chegar Emprega-se com a preposição de em vez de a, nas locuções verbais.
"Ele chegou de fazer assim." 2. Pelejar Muito usado como transitivo direto, significando trabalhar, lutar no dia-a-dia.
"A gente continua aí, pelejando a vida." 3. Lutar a. Na acepção de trabalhar com, lidar com, é empregado com a preposição contra.
"Eu luto contra o gado."
"Nós tudo sempre lutou contra lavoura." b. Também é usado, na acepção indicada acima, com a preposição com.
"Minha vida foi lutar com peixe, comprar e vender peixe." 4. Perguntar Na acepção de informar-se, é tomado como transitivo indireto, regido de preposição de.
"Perguntei de sua casa pra ele. Num sabia." 5. Telefonar Encontra-se telefonar no lugar de telefonar pra, com o mesmo significado deste último.
"Fui em Várzea Grande, telefonar em casa do doutor." 6. Fornecer É comumente empregado com a preposição de, regendo o termo que seria objeto direto.
"Naquela época, a gente fornecia ele de leite." (Em vez de: Naquela época, a gente lhe (= ele) fornecia leite (= de leite). 7. Emprestar Construções em que se utiliza este verbo, apresentam-no como transitivo direto. O objeto indireto não aparece claro, mas sim, implícito no sujeito.
"Fulano, eu emprestei sua mala."
O sentido do enunciado é o seguinte: quem fala está conversando com uma terceira pessoa (Fulano), esta pessoa comunica que tomou emprestada sua mala (de Fulano). Dizendo "emprestei", no pronome sujeito estava já declarado, implicitamente, que emprestara a mala a si próprio. Tem-se aqui um caso de fusão de dois termos sintáticos distintos, em um apenas. Ou, em outras palavras, a ativa "emprestei" tem valor de reflexiva: "emprestei" equivale a "me tomei emprestado".

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